quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Do controlo e os seus limites

"Chega um dia em que, de repente, nos damos conta de que o controlo que procuramos estará sempre fora do nosso alcance. Para alguns, é uma descoberta aterradora, ao passo que para outros é estranhamente libertador. Se a única pessoa que posso controlar sou eu, isso quer dizer que estou fora do alcance dos outros seis biliões de almas que andam por aí nesse mundo de loucos".
de Being Erica (tradução livre)

Sempre tentei controlar tudo na minha vida. Planear com muita antecedência, criar projectos detalhados sobre todas as minhas fases de vida: escola, Faculdade, desejos futuros. De certo modo, pintava tudo o que aí viria dentro da minha cabeça, raramente deixando espaço para falhas.

Mudei isso. Talvez porque ao longo dos últimos anos me tenha apercebido de que quase tudo foge ao nosso controlo - ou, por outra, que aquilo que realmente podemos controlar é ínfimo comparativamente ao que vivemos no dia-a-dia. Imprevistos sucedem, surpresas (boas e más) alteram-nos planos que havíamos feito há séculos e, acima de tudo, acabamos por mudar nós próprios - e, se formos sinceros connosco, acabamos por seguir outro caminho que não o inicalmente pensado para sermos feliz.

Porém, acima de tudo, alterei toda essa minha visão de controlo sobre a vida muito em parte por tua causa. Ainda não me havia apercebido de forma tão lúcida e completa que, na maioria das vezes, nem posso controlar aquilo que sinto - e muito menos posso controlar o que os outros sentem. O que tu sentias. Assim sendo, todos os castelos no ar que pudesse criar não teriam qualquer fundação, sendo propícios ao desastre. E foram, porque me convenci de que sentias aquilo que (aparentemente) não sentias.

Não me compete a mim mudar o que os outros sentem; não posso obrigá-los a alterar a sua visão de vida. Posso, sim, manter em mente aquilo que quero para mim, para a minha vida e para o meu mundo. E, dentro daquilo que está ao meu alcance, fazer tudo por tudo para chegar onde quero chegar, ser fiel a mim mesma e aos meus sonhos.

O resto, não me compete a mim. E ainda bem.


Crónica ao som de "Sanctuary", Gabriella Cilmi

2 comentários:

  1. Por momentos li-me em ti... tão simples e tão verdade... normalmente a sensação de controlo apenas não passa de uma ilusão de que conseguimos ser felizes.. e essa felicidade é tão simples e tão conseguida pelo que obtemos de forma espontanea... Deixar sempre o caracter aleatório da vida tocar-nos ...isso é pura felicidade =)

    See ya

    By N.

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  2. Sou homem, mas senti/podia relatar o mesmo que contaste.
    Além de tentar controlar tudo, é o carácter de nos conseguirmos adaptar facilmente aos imprevistos que nos faz vencer!!

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