quarta-feira, 21 de outubro de 2009

É inato

"Being entirely honest with oneself is a worthwhile exercise."
Sigmund Freud

Mais do que fazer sentido para o resto do mundo, penso que as nossas acções têm que ser coerentes com nós próprios. Mesmo que às vezes não as entenda em absoluto, têm que, de algum modo, bater certo para mim mesma.

Daí que muitas vezes não me cinja àquilo que é esperado de mim por parte dos outros. Especialmente no que toca a sentimentos. Talvez porque eu seja um bicho um pouco estranho, exótico, quiçá, que não é esperado nestas paragens. Não sei.

Há umas semanas, a respeito de algo que eu tinha feito, a K. virou-se para mim e, concordando com o espanto de outras pessoas, disse-me: "Sabes, é que não há muita gente que fizesse o que tu fizeste, depois de um desgosto de amor. Tentar ser amiga de alguém que se gosta mesmo quando estás magoada... não é para todos".

Está certo. Acredito que não seja para todos. Mas, a meu ver, pelo menos, quando se gosta realmente de alguém, é natural preocuparmo-nos com essa pessoa. Ora, se sabemos de antemão que algo de errado se passa, não me parece que seja possível passarmos ao lado como se nada fosse. Algo do género de "Ah, se sentisses o mesmo que eu, tudo bem, estava aí agora a dar-te a mão; mas como não é assim, não quero saber de ti para nada".

Até compreendo aquela simples questão de que é bem mais fácil ultrapassar sentimentos feridos se formos capazes de praticamente "odiarmos" aquela outra pessoa. Sim, isso também acontece comigo. Porém, cada caso é um caso, e nem sempre nos apaixonamos por alguém que, só porque as coisas não correm como gostaríamos, mereça ser tratado assim. Este é um desses casos.

Tenho que ser completamente honesta comigo mesma: sei que não esqueceria isto tudo de outra forma, sabendo quão messed up ele está. Então, sim, estendi a mão, mesmo sabendo à partido que poderia ser muito pior para mim; por enquanto não foi, mas ainda estou à espera da explosão.


Crónica ao som de "How To Save A Life", The Fray

2 comentários:

  1. Pode ser que a vida dê uma volta e ele olhe para ti com outros olhos ;)
    Pode ser que sim... pode ser que não!
    Nestas coisas de 'amor' é tudo tão relativo!

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