Uma vez que a vida profissional me tem levado para um dos meus sítios preferidos de Lisboa - leia-se, Parque das Nações - e que me tenho visto praticamente obrigada a almoçar todos os dias no Vasco da Gama (fugindo rapidamente para o exterior quando "cacei" à moda moderna - leia-se, ter pago por géneros alimentícios), é com muito pouco entusiasmo que aqui anuncio que sim, eu, Lady B., testemunhei em primeira mão a presença das tristes figurinhas que montaram arraiais à porta do Pavilhão Atlântico para... o concerto dos Tokio Hotel.
Escrevo isto tudo de uma assentada que é para não ter tempo de me arrepender de trazer tal nome infame para dentro das muralhas do Reino. Porém, confesso com algum gozo que ainda me senti tentada a ir atirar umas batatinhas fritas às criaturas, a ver se sempre se alimentavam ou se ao menos arredavam dali; mas, num rasgo de iluminada inteligência, contive o impulso - quem sabe se sobreviveria ao cheiro de tanto ser humano (deves... meia dúzia de pimpolhas, vá) sem banho tomado há tantos dias?
Em última nota, deixem-me dizer apenas que estas fãs são muito fraquinhas - porque o arzinho fresco que nem alface não engana ninguém: há muitas e muitas idas a casa no meio deste suposto acampamento. Ora, desculpem-me, mas os Tokiozinhos mereciam muito melhor: fã que é fã não dispensa estar na primeira fila a cheirar a cavalo e totalmente grogue de sono, após tanto dia sem ver água e sabão e tanta noite sem uma caminha decente. É que artista que é artista não quer que o pessoal vá apreciar a música, quer é que o pessoal se submeta a tortura estupidamente desnecessária. É que se não querem dormir em casa... há muito sem-abrigo que fica grato pela hospedagem.
*(como a banda em causa, aliás. Se ainda fosse música de jeito, ainda se dava o desconto... e daí talvez não. Mas uma banda cujo vocalista nem sabe bem se é menina, se menino, se galinha que apanhou choque eléctrico? Hmm, desculpem... mas não).